sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

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25 comentários:

  1. Meu blog: fgsaraiva.blogspot.com
    Padre Geovane Saraiva
    geovanesaraiva@gmail.com
    E eu gostaria de adicionar meu blog no Guia de Blogs Católicos 2.

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  2. Em Emaús, vida e esperança!
    Padre Geovane Saraiva*
    A ressurreição é a grande verdade que mexe com a nossa vida, assim como sucedeu com as comunidades no início do cristianismo. É a alegria a invadir toda nossa existência, ao mesmo tempo em que se renova a nossa esperança, trazendo-nos um novo sentido, certos de que, pela a graça do ressuscitado, experimentamos a certeza da plenitude em Deus, dom maior.

    O Evangelho dos discípulos de Emaús tem a sua parte central, na explicação das Escrituras e no anúncio da ressurreição, pelo próprio Jesus ressuscitado, tornando-se nosso irmão, amigo e companheiro de caminhada, revelando sua morte e o triunfo da ressurreição.

    Ele, ficando conosco, é aquele que comunica e partilha a vida. É aquele que constantemente está ao nosso lado, nas alegrias, nas tristezas e nos desafios da vida, amando cada pessoa eternamente, parte integrante de sua obra criadora e redentora.

    Jesus desceu do céu e veio morar entre nós, desejando revelar a vontade do Pai, ao entrar em contato conosco. Ele não quer só conversar conosco, mas demonstrar toda força do seu amor infinito para conosco, oferecendo toda sua amizade e dando a sua vida pela nossa realização plena, a nossa salvação.

    A exemplo dos discípulos de Emaús, muitas vezes ficamos desiludidos, pensativos, tristes e desanimados, como se a vida não tivesse mais sentido. Mas Cristo, um anônimo e estranho viajante tornou-se companheiro de caminhada. A presença de Jesus causou no coração deles algo diferente. É algo tão forte, a provocar-lhes uma mudança radical de vida.

    Eles sentiram a necessidade de retornar para junto dos outros e contar a maravilhosa novidade: O Senhor está vivo! Nós o vimos! Ele nos falou das Escrituras e comeu o Pão conosco. Nosso coração ardia pelo caminho
    (cf. Lc 24,13-35).

    O coração deles ardia, consumia-se em chamas e inflamava-se de amor, porque ele é eterno e nele está o sentido da vida, com suas motivações. Jesus Ressuscitado, que os discípulos reconhecem ao partir o pão, quer ficar conosco, quer abrir nossos olhos e ficar no nosso meio, caminhado com o seu povo, com sua querida gente.

    Emaús hoje é a nossa comunidade, é o nosso dia-a-dia. Muitas vezes não reconhecemos Jesus nos caminhos da nossa vida e não acreditamos que ele está ao nosso lado. Também não acreditamos que ele ressuscitou de verdade. Mas ao mesmo tempo temos um profundo desejo que ele venha ao nosso encontro, animar os desanimados. Quando será que o nosso coração irá arder em profundidade com a sua presença?

    Falar com o Senhor ressuscitado, ouvir falar do Senhor ressuscitado é bom danais! Ele quer ser consolo para nossas vidas, força nas nossas dificuldades, luz a iluminar nossos caminhos. E, sobretudo, abrir nossos olhos e fazer arder nossos corações.

    Jesus é aquele que caminha com a humanidade, revelando o sentido de sua morte e da vitória da vida, isto é, a ressurreição. Foi enviado ao mundo para que o homem possa salvar-se. A criatura humana precisa sempre mais compreender que o ressuscitado, caminhando conosco, quer sempre está ao nosso lado, a partir das situações da vida, as mais exigentes e difíceis.

    Que a experiência da Páscoa arde de verdade os nossos corações ao reconhecermos, pela nossa fé, os seus dons e favores. Na verdade o Senhor ressuscitou! Que saibamos sempre repetir, a exemplo dos discípulos, no caminho de Emaús: fica conosco, Senhor!


    *Padre da Arquidiocese de Fortaleza, Escritor, Membro da Academia de Letras dos Municípios do Estado Ceará (ALMECE), da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza e vice-presidente da Previdência Sacerdotal.
    Pároco de Santo Afonso
    geovanesaraiva@gmail.com

    Autor dos livros:
    “O peregrino da Paz” e “Nascido Para as Coisas Maiores” (centenário de Dom Helder Câmara);
    “A Ternura de um Pastor” - 2ª Edição (homenagem ao Cardeal Lorscheider);
    “A Esperança Tem Nome” (espiritualidade e compromisso);
    "Dom Helder: sonhos e utopias" (o pastor dos empobrecidos).

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  3. Por um mundo mais franciscano


    Pe. Geovane Saraiva*
    Toda civilização precisa figuras exemplares e de referenciais, que mostrem concretamente ao mundo, os grandes sonhos e utopias, numa palavra, mostrem os valores últimos, no sentido de sustentar as motivações dos seres humanos, na sua relação e ação com seus semelhantes, com a natureza e o meio ambiente.

    Hartmut Koschyk, Vice-ministro da Economia Alemã, em visita à Basílica de São Francisco de Assis – Itália, pronunciou as seguintes palavras: “Seria melhor uma Europa mais franciscana”. Segundo aparece no site www.sanfrancesco.org, o Vice-ministro alemão teria afirmado que “o pensamento franciscano é caracterizado pela fraternidade, bondade e solidariedade, virtudes que podem contribuir para uma nova ordem ética e econômica”.

    A vida do pobrezinho de Assis não significou um abandono do mundo, do seu mundo de então, nas relações entre as pessoas, ao contrário, podemos ver na sua radical opção de vida, de um modo claro e explícito, uma dura crítica às forças dominantes do tempo por ele vivido, apontando para uma nova sociedade, baseada na solidariedade, com oportunidade para todos.

    Francisco de Assis, na sua “loucura” por Deus e suas criaturas, iniciava uma nova forma de convívio humano, fazendo entender que qualquer privilégio em relação aos bens deste mundo, que são dons de Deus, só se justifica, quando o destino é o de favorecer os empobrecidos, indefesos e fracos.

    O dia mundial do meio ambiente, comemorado neste dia 05 de junho, no mundo inteiro, nos faz pensar em um Francisco de Assis, que “chamava irmãos e irmãs as criaturas, mesmo as últimas, sabendo com clareza que todas e todos procediam de uma mesma e única fonte” – Deus. Daí na sua primeira ralação com a natureza, ser não de domínio e posse, mas de fraterno e terno convívio.

    Que Deus nos dê a graça de sempre e cada vez mais compreender a vida humana na face da terra, aqui posta em questão no seu sentido último, a partir de Francisco de Assis, a nos dizer que temos que ter força, no sentido colocar nossos valores e projeto de vida como um todo, acima dos nossos interesses, num grande mutirão de solidariedade em favor do planeta.

    Portanto, diante do clamor e de gemido da natureza, á beira do abismo, a humanidade é chamada e não tem alternativa para evitar sua própria autodestruição, a não ser fazer sua parte, tendo na mente, nos olhos e no coração, a vida do planeta como algo sagrado, inspirados nos sonhos e na força desta figura humana, que abraçou o projeto de Deus com uma comovedora ternura, tornando-se fascinado por Deus e por suas criaturas e foi exatamente este fascínio que o tornou extremamente humano.

    *Padre da Arquidiocese de Fortaleza, Escritor, Membro da Academia de Letras dos Municípios do Estado Ceará (ALMECE), da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza e vice-presidente da Previdência Sacerdotal.
    Pároco de Santo Afonso

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  4. Charles de Foucauld, uma vida só para Deus

    Padre Geovane saraiva*
    No dia 1º dezembro de 1916 morreu Charles de Foucauld, o ex-oficial do exército francês, vítima de um assalto, em plena primeira guerra mundial. Ele foi um homem profundamente marcado pela graça divina, uma vez convertido, procurando viver exclusivamente para Deus, a ponto de afirmar: “Quando passei a acreditar que havia um Deus, logo compreendi que nada mais podia fazer, senão viver e viver só para Ele”. O seu encontro com Deus deu-se em outubro de 1886 na Igreja de Santo Agostinho, quando Padre Huvelin convida-o numa palavra segura, a ajoelhar-se e confessar seus pecados; recebendo em seguida a santa comunhão. A partir daquele dia começou uma nova vida.

    De tal modo que nasce e m si a vocação para a vida religiosa, depois de uma peregrinação à Terra Santa, no final de l888, foi atraído a fazer o seguimento de Jesus de Nazaré, ocasião em que lhe foi revelada a sua vocação: seguir e imitar Jesus na sua vida oculta de Nazaré, vivendo sete anos com os Trapistas, primeiro em Nossa Senhora das Neves, França, e depois em Akbès, na Síria.

    Charles de Foucauld vai mais longe do desejo de imitar e seguir os passos de Jesus de Nazaré, deixando a vida monástica e indo morar em Nazaré, abrigando-se em uma cabana à beira do convento das irmãs Clarissas, vivendo a vida de eremita, na oração, na pobreza e na busca da vontade de Deus.

    Ao fim de três anos, o Irmão Charles de Foucauld, no enorme seu desejo de imitar Nosso Senhor Jesus Cristo, numa rica e profunda experiência, totalmente aberta e universal, quer ser Sacerdote, quer ser Padre. Uma vez habilitado, foi ordenado sacerdote com 43 anos de idade, na Diocese de Viviers, na frança, aos 09 de junho 1901.

    Charles de Foucauld quer irradiar a caridade divina e levar a Eucaristia aos pobres das regiões não evangelizadas no Deserto do Saara, obtendo a licença para ir ao lugar argelino desejado, primeiro em Beni-Abbés , pobre no meio dos pobres, e depois em Tamanrasset com os Tuaregues de Hoggar. Lá se tornou amigo e irmão de todos, proclamando e falando bem alto o Evangelho com a própria vida.

    A vida e o martírio do Bem Aventurado Charles de Foucauld produziu muitos e abundantes frutos. Surgiram inúmeras Famílias e Associações Religiosas, que chamados (as), a exemplo do Bem Aventurado Charles Foucauld, ao anunciar o Evangelho, com a própria vida, vivendo uma mística tão profunda, alimentando-se da Eucaristia, do Evangelho da cruz, da busca do último lugar e também da conversão permanente, tudo traduzido no serviço aos irmãos, os empobrecidos.

    Essa gente maravilhosa tem Charles de Foucauld como irmão e guia e nunca se esquece da esperança que ele encarnou, de que “Jesus Cristo deve ser e permanecer o verdadeiro centro da nossa vida. Meu Pai, a vós me abandona: fazei de mim o que quiserdes! O que de mim fizerdes, eu vos agradeço”.

    No dia 13 de novembro de 2005 ele foi beatificado pelo Papa Bento XVI. Que o fascínio e o testemunho desse homem, marcado pela graça de Deus, continue a produzir muitos frutos e que seus seguidores saibam sempre mais irradiar a caridade divina, a exemplo do irmão Carlos, a gritar o Evangelho com a própria vida.


    *Padre da Arquidiocese de Fortaleza, Escritor, Membro da Academia de Letras dos Municípios do Estado Ceará (ALMECE), da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza e vice-presidente da Previdência Sacerdotal.
    Pároco de Santo Afonso

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  5. Dom Helder - sonhos e utopias


    Padre Geovane Saraiva*

    “Quando sonhamos sozinhos é só um sonho; mas quando sonhamos juntos é o início de uma nova realidade”; “Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante... Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do mundo (...)”.

    “Eu sou daqueles que tem a convicção de que os escritos de Dom Helder ainda serão fonte de inspiração na América Latina daqui a mil anos. Pois, ele lançou sementes destinadas a produzir uma messe abundante nesta nova época do cristianismo que esta começando agora. As suas sucessivas conversões sinalizam de certa maneira a futura trajetória da Igreja nesta nova época da história da humanidade” (Teólogo José Comblin).

    E é por isso mesmo que não nos cansamos de dizer que a vida do Dom Helder é como uma mina de ouro que precisa ser sempre e cada vez mais explorada, com um dom maravilhoso de Deus. Vida de uma beleza, que podemos dizer, diferenciada, nos seus gestos raríssimos em favor da vida dos empobrecidos, dos “sem voz e sem vez”.

    Ao assumir a Arquidiocese de Olinda e Recife, em abril de 1964, afirmou: “Ninguém se escandalize quando me vir ao lado de criaturas humanas tidas como indignas e pecadoras (...).” Disse também, com ternura e paixão: “Quem estiver sofrendo, no corpo ou na alma; quem, pobre ou rico, estiver desesperado, terá lugar no coração do bispo”.

    Dom Helder, pastor da paz e da ternura, sentia-se honrado quando seus inimigos o acusavam de utópico e sonhador, porque se aproximava do “cavaleiro andante”. Dom Helder dizia-lhes: “Comparar-me a Dom Quixote, está longe de ser uma nota depreciativa” e acrescentava: “Ai do mundo se não fosse a utopia, ai do mundo se não fossem os sonhadores”.

    Guardemos no íntimo do coração a mensagem de otimismo e esperança, deixada por Dom Helder Câmara, o artesão da paz e cidadão do mundo, o bispo brasileiro mais influente no Concílio Vaticano II, ao abrir o caminho para a renovação, na sua mais profunda e autêntica coerência em favor dos empobrecidos: “Se não engano, nós, os homens da Igreja, deveríamos realizar dentro da Igreja as mudanças que exigimos da sociedade”.

    Falou também com extraordinária paixão que falou que Deus é amor, em tom daquilo que lhe era muito peculiar, a poesia: “Fomos nós, as tuas criaturas que inventamos teu nome!? O nome não é, não deve ser um rótulo colado sobre as pessoas e sobre as coisas... O nome vem de dentro das coisas e pessoas, e não deve ser falso... Tem que exprimir o mais íntimo do íntimo, a própria razão de ser e existir da coisa ou da pessoa nomeada... Teu nome é e só podia ser amor”.

    *Pe. Geovane Saraiva, sacerdote da Arquidiocese de Fortaleza, escritor, membro da Academia de Letras dos Municípios do Estado Ceará (ALMECE), da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza e Vice-Presidente da Previdência Sacerdotal
    Pároco de Santo Afonso - pegeovane@paroquiasantoafonso.org.br

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  6. Marta e Maria, o presente e o futuro

    Padre Geovane Saraiva*
    Marta e Maria viviam em Betânia, um povoado próximo de Jerusalém e Jesus costumava ir lá visitá-las. Numa dessas visitas, Maria aproveita para sentar ao lado de Jesus e passa a escutá-lo. Marta muita atarefada com o seu trabalho doméstico, a certa altura começa a reclamar de Jesus, pelo fato de não se sensibilizar com seu trabalho pesado, confrontando-o com Maria. Mais que reclamar, Marta pede que Jesus mande Maria ajudá-la no serviço diário. Mas Jesus lhe responde com firmeza: “Marta, Marta! Tu te preocupas e andas agitada por muitas coisas. Porém, uma só coisa é necessária. Maria escolheu a melhor parte e esta não lhe será tirada” (cf. 10, 38-42).

    Jesus nos fala da vida eterna como uma promessa, como um presente do Pai para todas as pessoas que nele acreditam e por ele são capazes de oferecer a própria vida. Ela é um dom, uma graça maravilhosa! Mas que precisa a todo custo ser buscada e ser conquistada. Precisamos ter consciência dos nossos dons e talentos, que Deus nos concedeu, nos confiou.

    Deus, na sua bondade sem limites, nos propõe uma norma: “O Senhor retribui a cada um segundo as suas obras” (Mt 16, 27). Ele nos reserva um prêmio, isto é, a coroa da justiça que o Senhor, o justo juiz nos dará naquele dia... (cf. 2Tm 3, 8). Cabe a nós descruzar os braços e procurar fazer a nossa parte. O Apóstolo Paulo nos lembra da importância do trabalho como uma regra de ouro: “Quem não quiser trabalhar também não deve comer” (2Ts 3, 10).

    Como viver a nossa fé? Como realizar a nossa missão? É importante olhar para o Evangelho de São Lucas, lá no episódio das duas irmãs de Betânia. Marta, com a vida dura e cheia de afazeres; Maria, com a vida voltada para o silêncio e para a contemplação, merecendo do Mestre uma atenção especial. Maria, segundo a palavra do próprio Jesus, escolheu a melhor parte, que jamais lhe será tirada. Marta fica zangada por causa da ausência da irmã nas atividades da casa, como já deixamos claro.

    Para nós que somos batizados e participamos da vida divina, que ao mesmo tempo lutamos, sofremos e nos angustiamos, em meio ao ativismo, nas exigências da vida, é indispensável uma consciência bem clara de que nossa vida deveria sempre e cada vez mais se transformar em oração. A vida ativa e a vida contemplativa, entrelaçadas, caminhando juntas, de mãos dadas, que beleza, que maravilha!

    É o projeto de Deus que se realiza em plenitude. Santo Agostinho, na sua incomensurável sabedoria, nos assegura: “Marta e Maria simbolizam as duas vidas, a presente e a futura”. Marta e Maria simbolizam a diversidade de dons, carismas e talentos, seja na ação, seja na contemplação, escuta e interiorização. Que a realidade misteriosa do projeto de Deus, através dessas duas santas mulheres, esteja diante dos nossos olhos, na nossa mente e no nosso coração. Assim seja!


    *Padre da Arquidiocese de Fortaleza, Escritor, Membro da Academia de Letras dos Municípios do Estado Ceará (ALMECE), da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza e vice-presidente da Previdência Sacerdotal.
    Pároco de Santo Afonso
    geovanesaraiva@gmail.com




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  7. Ver tudo, tolerar muito e corrigir pouco

    Padre Geovane Saraiva*

    Carlos Borromeu nasceu próximo da cidade de Milão – Itália, em 1538, numa época profundamente marcada pelo nepotismo. Sua mãe era uma mulher de grande fé, acompanhada da piedade, com privilégio de ser irmã do Papa Pio IV. Ela cuidou com muito amor da educação do filho em todos os sentidos, especialmente da parte moral e religiosa. Jovem inteligente e aberto à realidade do mundo de seu tempo, como um exímio aluno do curso de Direito na Universidade de Pávia. Sabemos que as virtudes são excelsas e neste sentido Deus o marcou com a virtude de ir ao encontro das pessoas, de acolhê-las e bem tratá-las.

    Pio IV o chamou à cidade eterna e o nomeou Cardeal e Arcebispo de Milão, com apenas 22 anos de idade, mesmo sem ser sacerdote. O jovem Carlos Borromeu recebeu as Ordens Sagradas – Padre e Bispo. Ao iniciar a carreira eclesiástica, parecia não muito animadora para os que sonhavam com a reforma da Igreja. Mas a partir daquele momento em diante, sua vida se transformou por completo, sendo selado por Deus e por sua infinita misericórdia, na ascese, na piedade e na caridade.

    Bispo extraordinário e grandioso, pela vigilância pastoral e esplêndidas virtudes, mostrando ao mundo a verdadeira face pascal Senhor ressuscitado, tornando-se um servo bom e fiel, no serviço do Evangelho, ao edificar o reino de Deus, pela fervorosa caridade pastoral, manifestando-a especialmente no cuidado aos pobres, na inesquecível peste de Milão.

    São Carlos Borromeu pertence aos grandes promotores na renovação da fé e dos costumes, sancionado pelo Concílio de Trento. Modelo de pastor de almas, entrelaçado pela autoridade e a oração, no seu zelo e caridade de pastor. Tinha como princípio pedagógico: “ver tudo, tolerar muito e corrigir pouco” (omnia videre, multa tollerare, pauca corrigere), certamente muito válido para os dias de hoje.

    Homem vigoroso, de uma força e coragem inabalável, na sua atividade de ensinar santificar e governar, concretamente, causando mudanças nos costumes e na mentalidade de seu povo. Promoveu procissões, suplicando a misericórdia divina e o perdão dos pecados. Para dar bom exemplo, o grande Bispo de Milão acompanhou uma, das muitas procissões, com os pés descalços.

    Seu modo exemplar de viver, sendo grande como Santo e como Bispo, foi imprescindível, para que no século XVI se levantasse por toda a Europa vozes angustiadas, clamando por reforma dentro da Igreja, começando pelos próprios pastores: Bispos e Padres. Como Arcebispo, mostrou-se cumpridor dos seus deveres, criando um modelo e uma mentalidade diferente, ocasionando um grande impacto, de tal maneira, que proporcionou em toda a Igreja, sua renovação espiritual. Patrimônio do mundo cristão, a data do seu nascimento para Deus deu-se no dia 04 de novembro de 1584, dia em que Igreja comemora sua festa.

    *Padre da Arquidiocese de Fortaleza, Escritor, Membro da Academia de Letras dos Municípios do Estado Ceará (ALMECE), da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza e vice-presidente da Previdência Sacerdotal.
    Pároco de Santo Afonso
    geovanesaraiva@gmail.com

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  8. João, o discípulo amado, viu e acreditou


    Padre Geovane Saraiva*
    Páscoa é vida nova! É alegria e esperança para o mundo! É a partir do túmulo, do sepulcro vazio que temos razões e esperança de viver neste mundo. Que as pessoas do mundo inteiro saibam olhar e colocar suas atenções neste local, que não é mais de tristeza, desânimo e medo, mas de muita alegria, otimismo e esperança, porque Cristo ressuscitou de verdade. Do túmulo vazio, da Páscoa do Senhor, que brilhe nas pessoas do mundo inteiro a luz do Senhor ressuscitado!

    As mulheres foram as primeiras criaturas encarregadas pelo anjo a divulgar a boa notícia da ressurreição de Jesus. É bom considerar que naquele tempo e naquela cultura o testemunho de uma mulher quase nada valia. Ninguém dava crédito. “Um anjo do Senhor desceu do céu, rolou a pedra e disse às mulheres que Jesus havia ressuscitado. E acrescentou: Ide depressa e dizei aos discípulos que Jesus ressuscitou dos mortos” (Mt. 28, 2ss).

    A ressurreição de Jesus é o ponto central da nossa fé e da nossa vida cristã, pois Cristo transfigurado restaura o homem, fazendo-o participar de uma nova realidade, que é a vida divina, exigindo um engajamento da pessoa humana no mundo concreto. Daí a importância do testemunho. Jesus nos ensinou, ao lavar os pés dos discípulos e explicou o gesto: “Dei-vos o exemplo, para que façais a mesma coisa que eu fiz” (Jo 13. 15).

    Com a celebração da Páscoa de Nosso Senhor Jesus Cristo, chegou finalmente, uma nova etapa na história da humanidade. Do encontro com Jesus ressuscitado, somos chamados a por um fim no egoísmo, nas injustiças e nas trevas, porque somos iluminados e chamados a viver para Deus, como criaturas novas. “Se ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos para alcançar as coisas do alto, onde está Cristo, sentado à direita de Deus; aspirai às coisas celestes e não às coisas terrestres” (Cl 3, 1-2).

    Que a alegria da boa notícia dada pelas mulheres aos discípulos nos anime e nos encoraje. Vemos que os dois discípulos correm apressados na direção do sepulcro e Pedro entra primeiro no seu interior. João, embora tenha chegado por primeiro, entre em seguida. Ele, o discípulo amado do Mestre, viu e acreditou. O próprio Jesus ressuscitado aparece para confortar e animar às mulheres, dizendo: “Alegrai-vos! Não tenhais medo!” (Mt 28, 9s).

    Fazer o que o discípulo amado do Mestre fez, de acreditar na vida, nas pessoas e nos seus projetos e sonhos, à luz do Senhor ressuscitado, que seja de verdade, a razão da nossa esperança.

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  9. Paulo diante da fascinante missão

    Padre Geovane Saraiva*
    O encontro de Paulo com o Filho de Deus foi algo maravilhoso! Mudou por completo a sua vida, a ponto de suportar tudo por causa do reino, agradando e sendo sempre fiel ao seu Mestre e Senhor, vivendo o que anunciava, dizendo com humildade e coração aberto: "Pela graça de Deus, sou o que sou” (1Cr 15, 10).
    O providencial encontro de Paulo com Nosso Senhor Jesus Cristo lhe possibilitou descobrir a imprescindível luz que o fez enxergar a dimensão transcendente da vida. A luminosidade recebida por aquele que se tornou mestre e doutor das nações é a grande verdade que sempre quer se manifestar a humanidade: “O Cordeiro de Deus que tira o pecado mundo”.
    Paulo, missionário por excelência, não conviveu pessoalmente com Mestre e Senhor. No início, de perseguidor ferrenho da Igreja e dos cristãos, abraçou a fé na viagem de Damasco e se transformou totalmente, testemunhando a partir de então, que Jesus Cristo é o enviado do Pai. A sua missão, doravante, é ser instrumento para levar o nome de Deus a todos os povos da terra (cf. At 9, 15). A evangelização e a pregação não se separam da vida do mestre e doutor das nações, o maior missionário de todos os tempos; tornando-se advogado dos pagãos e apóstolo dos gentios.
    Como é importante pensar no maravilhoso encontro, que o fez suportar tudo por Cristo, querendo mesmo completar na sua carne o que faltava na paixão de Cristo (cf. Cl 1, 24). A vida a partir de sua conversão passou a ter um sentido profundo e um valor inestimável. Paulo passa a experimentar uma descoberta maravilhosa, onde o velho e o antigo são transformados. “Eis que faço novas todas as coisas” (Ap 21, 6).
    Paulo nos lembra do anúncio do Evangelho, os carismas e a missão das comunidades que abraçam a fé. Anunciar a boa nova do Senhor Jesus Cristo, foi para ele um exigência. Por isso mesmo está disposto a tudo, até a sua própria vida por causa do Evangelho. "Quanto a mim, estou a ponto de ser imolado e o instante da minha libertação se aproxima. Combati o bom combate terminou sua corrida e guardou a fé" (2Tm 4, 6).
    O Apóstolo Paulo recebeu do próprio do Filho de Deus a fascinante missão de fazer acontecer a Igreja no seu início, juntamente com o Apóstolo Pedro, fecundado-a e regando-a com o próprio sangue. Ele bebeu do mesmo cálice e tornou-se assim grande amigo de Deus. Na sua profunda identificação com Cristo, dizia: “Eu vivo, mas não sou que vivo, é o Cristo que vive em mim” (Gl 2,20). Foi preso e depois decapitado, a golpe de espada, fecundando e tronando a Igreja cheia de graças.

    *Padre da Arquidiocese de Fortaleza, escritor, membro da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza, da Academia de Letras dos Municípios do Estado Ceará (ALMECE) e Vice-Presidente da Previdência Sacerdotal - Pároco de Santo Afonso

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  10. Martírio e profecia na Igreja

    Padre Geovane Saraiva*
    “Ninguém tem maior amor do aquele que dá a vida por seus amigos” (Jo 15, 13). Dar a vida se pode traduzir por generosidade, renúncia, doação e testemunho. No amor a Deus e ao próximo está o eixo central do cristianismo; tudo a partir do coração, por ser o centro da personalidade, onde se encontra seu fundamento, na busca da dignidade, da justiça e da solidariedade.

    Neste sentido, já se passaram oito anos do assassinato da Irmã Dorothy Stang. Temos consciência de que o testemunho profético e a mística dessa fiel e corajosa discípula de Jesus de Nazaré, com seu sangue derramado na floresta amazônica, ainda irá produzir frutos, muitos bons frutos.

    Irmã Dorothy afirmou, no momento em que foi imolada: “Eis a minha alma” e mostrou a Bíblia Sagrada. Leu ainda alguns trechos das Sagradas Escrituras para aquele que, logo em seguida, iria assassiná-la. Morta com sete tiros, aos 73 anos de idade, no dia 12 de fevereiro de 2005, em Anapu, no Estado do Pará, Brasil.

    Diante do contexto da morte brutal da irmã Dorothy, fica muito presente a frase de Tertuliano, dita no século terceiro: “Sangue de mártires é sementes de cristãos”. “Evangelizar constitui, com efeito, o destino e a vocação própria da Igreja, sua identidade mais profunda. Ela existe para Evangelizar” (Evangelli Nuntiandi, 14), não fugindo da profecia e do testemunho, se for o caso, do martírio.

    O modelo capitalista no Brasil, marcado pela desigualdade social e estrutural entrou com toda sua força também na Amazônia. Para a floresta amazônica, foi por opção de vida, a inesquecível e de uma força e mística incomensurável, a querida Irmã Dorothy. Lá ela abraçou a proposta do Evangelho, vivido na simplicidade, mas com grande e profunda coerência. Uma mulher corajosa e determinada, no seu estilo de vida a causar medo e contrariar os que desejavam outro projeto para floresta, longe e distante do projeto de Nosso Senhor Jesus Cristo. Por isso mesmo tramaram: “Vamos matá-la”.

    Irmã Dorothy está viva e presente da vida do seu povo, com sua vida oferecida em sacrifício, num verdadeiro hino de louvor a Deus, com sua coragem profética. Ela continua mais amada e admirada, transformada num referêncial, símbolo e patrimônio do povo brasileiro, que sonha com uma nova realidade, aos olhos da fé.

    Vivemos uma fé em que se afirma muito a dimensão do louvor e somos inteiramente favoráveis e temos plena convicção de que o nosso Deus é Senhor da vida e da história. Agora viver o mandamento maior: “Amarás o Senhor teu Deus de todo coração e a teu próximo como a ti mesmo” (MT 22, 37), significa ser uma Igreja pascal, na generosidade, na renúncia, na doação, no testemunho e na profecia, a exemplo de irmã Dorothy, no seu desejo de assemelhar-se ao Filho de Deus, ao doar sua própria vida pela floresta amazônica. Fica a pergunta: quando é que teremos uma Igreja verdadeiramente pascal, no testemunho de sua fé no Senhor ressuscitado, segundo o pensamento de Tertuliano?

    *Padre da Arquidiocese de Fortaleza, escritor, membro da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza, da Academia de Letras dos Municípios do Estado Ceará (ALMECE) e Vice-Presidente da Previdência Sacerdotal - Pároco de Santo Afonso
    geovanesaraiva@gmail.com

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  11. O livro sagrado do povo de Deus

    Padre Geovane Saraiva*
    Digamos que a Bíblia é a Cartilha, a gramática ou enciclopédia do povo de Deus, que de modo correto, orienta os homens e mulheres, nas diversidades de dons, talentos, carismas e funções. Ela foi escrita num passado distante, por pessoas que viveram determinados contextos, diferente do nosso, mas isso não importa. Ela é sempre atual e sua palavra é eterna. Por isso mesmo, Deus quer através dela, enriquecer suas criaturas. É graça divina contar com esse didático e pedagógico livro, ontem, hoje e por toda eternidade, na palavra de Josué: “Que o livro desta Lei esteja sempre nos teus lábios: medita nele dia e noite, para que tenhas o cuidado de agir de acordo com tudo que está escrito nele. Assim serás bem sucedido nas tuas realizações e alcançarás êxito” (Js 1, 8).
    Na Bíblia Sagrada encontramos a grande ordem expressa por Jesus, tendo sua origem em Deus que é Pai, Filho e Espírito Santo, a partir do mistério da encarnação e da redenção, que podemos chamar de mistério pascal, isto é, realização plena da humanidade, no comunicado à Igreja, de que ela é missionária, é enviada com a seguinte finalidade: “Ide pelo mundo inteiro e pregai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16, 15); “Ide, portanto, e fazei que todas as nações se tornem discípulos, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-as a observar tudo quando vos ordenei” (MT 28, 19-20); e ainda: “Recebereis uma força, a do Espírito Santo, que descerá sobre vós e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria e até os confins da terra (At 1, 8).
    No Novo Testamento, a missão refere-se, em primeiro lugar ao Pai, que envia seu Filho Jesus, com encargo de realizar sua santa vontade e ao mesmo tempo consumar a obra do nosso bom Deus (cf. Jo 4, 34). Por sua vez, Jesus envia os doze, envia outros discípulos e também envia as discípulas, com a mesma missão de serem testemunhas, no anúncio da boa nova da salvação até os confins da terra.
    Nossa missão, decorrente do batismo, é para que sejamos pessoas marcadas pela graça de Deus, no anúncio e no testemunho, com a tarefa de transformar a realidade, marcada pelo pecado e por todo tipo contradição, com o dever de fermentá-la e transformá-la numa nova civilização, apresentando ao mundo sinais de esperança e solidariedade, não através de belas palavras ou de pregações bonitas e milagrosas, mas acima de tudo, pela prática e pelo testemunho. Deus leva em conta à mística, bem com o testemunho e o modo coerente de viver.
    A esperança de que a salvação chegou, no consolo definitivo de Israel tem seu ponto mais elevado no mistério de uma criança, na sua encarnação, morte e ressurreição. Pedro, Tiago e João, diante do contexto do mistério do Filho de Deus transfigurado, na montanha sagrada, ficam deslumbrados, de tal modo, que manifestam a vontade construir três tendas. Podemos compreender a alegria deles como algo fascinante, num ardente desejo de que aquele acontecimento extraordinário permanecesse e se perpetuasse, ao ser revelado lá o rosto do filho amado do Pai. “Eis o meu filho amado, em quem pus toda minha afeição, escutai-o” (MT 17, 5).
    Olhando para realidade da transfiguração, nós cristãos, precisamos sempre mais nos conscientizar da nossa missão, do nosso compromisso de mudar e transfigurar o mundo, nunca nos afastando da ordem do Mestre, de sermos operários da sua vinha, na vida que nos foi dada por Deus, certos de que, “A cruz de nosso Senhor Jesus Cristo deve ser a nossa glória: nele está nossa vida e ressurreição; foi ele que nos salvou e libertou” (Gl 6, 14).
    A Palavra de Deus é eterna, viva e eficaz e por isso mesmo nos salva, liberta e transforma em criaturas novas, inspiradas e inspiradoras, colocando-nos diante da realidade de um novo céu e uma nova terra, da nova Jerusalém, que descia do céu de junto de Deus, vestida qual esposa enfeitada para o seu marido, fazendo novas todas as coisas (cf. Ap 21, 1-5)

    *Paroco de Santo Afonso

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  12. In manus tuas – Lema de Dom Helder

    Padre Geovane Saraiva*

    Dom Helder colocou sua vida nas mãos de Deus com muita disposição interior e com muita generosidade a exemplo do profeta Jeremias que, também, ofereceu a Deus sua vida sem medir esforços mesmo diante dos conflitos, dos sofrimentos, das dores e das incompreensões. Eis aqui a razão do lema de seu episcopado: In Manus Tuas – Em tuas mãos - que ele viveu, em toda sua plenitude, com rigor e coerência.

    Jeremias, diante das exigências, da violência e da opressão, disse, numa paixão muito profunda: “Seduziste-me, Senhor, e eu me deixei seduzir” (Jr 20,7) e Dom Helder, sobre Deus, afirmava: “Teu nome é e só podia ser Amor”. Por isso, agarrou-se, com todas as forças, no amor de Deus e por Ele deu sua vida, foi – lhe fiel e perseverou nessa fidelidade até o fim.

    Desde os primeiros dias de sacerdote, ordenado no dia 15 de agosto de 1931 com 22 anos de idade, trabalhou de modo incansável, dedicou-se aos mais simples, aos operários, aos letrados da sua cidade – Fortaleza – e foi, a partir daí toda “uma vida pelos irmãos”.

    Em 1936, partiu para a cidade do Rio de Janeiro e lá teve um objetivo a perseguir: a luta em defesa dos menos favorecidos, dos excluídos e dos esquecidos. Agiu, não só com palavras, sempre oportunas e confortadoras, dirigidas, especialmente, às pessoas de boa vontade, mas, sobretudo, com ações concretas. Basta olhar para os organismos que ele fundou, os projetos que executou e as campanhas que promoveu.

    Em 1964, ao chegar à Arquidiocese de Olinda e Recife, Dom Helder dizia: “A música é divina! E se a música ajudasse?” Então foi ao encontro do compositor suíço, Pierre Koelin, com uma vontade enorme, buscando criar um mundo mais justo, mais fraterno e mais humano. Assim nasceu a belíssima “Sinfonia dos Dois Mundos”. O movimento de Evangelização “Encontro de Irmãos” foi a menina dos olhos do grande pastor dos empobrecidos, porque aí ele via os “pobres evangelizando os pobres”.

    E a “Operação Esperança”? Ela nasceu num momento de desespero, como uma urgente necessidade de criar sinais de vida e de esperança no meio da população marcada pelo sofrimento e pela desesperança.

    Dom Helder, pequeno na estatura, mas grande nos sonhos, nos ideais e na santidade, colocou sua vida nas mãos do Pai com a firme convicção e com a inabalável certeza de que a pessoa humana é objeto do amor de Deus.

    Percebendo, também, claramente, que ela é sujeito da sua própria história, procurou sempre valorizá-la como instrumento desse amor e, ao mesmo tempo, numa grande súplica, desejava que o Reino de Deus fosse implantado e que se tornasse a realidade mais bela, bonita e solidária, sonhada pelo Pai. Que o centenário de seu nascimento, celebrado aos 07 de fevereiro de 2009, produza em nós os frutos que esperamos.

    *Padre da Arquidiocese de Fortaleza, escritor, membro da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza, da Academia de Letras dos Municípios do Estado Ceará (ALMECE) e

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  13. Viver na presença de Deus


    Padre Geovane saraiva*

    A festa da transfiguração de Senhor me leva olhar para a Sagrada Escritura e nela, o profeta Elias, grande mestre na escola da oração e da contemplação, que caminhou sempre na presença de Deus. Sua fé no único Deus – numa fé sólida e amadurecida na provação – impressionou muitíssimas gerações de homens e mulheres, na história do povo de Deus.

    E aqui quero agradecer a Deus pelo Carmelo Santa Teresinha de Fortaleza, vendo nas nossas queridas irmãs, "nosso pai Santo Elias", como elas costumam chamar. Escolheram-nas, a exemplo do mesmo, viver de uma única ocupação – na presença de Deus, pelo trabalho e pela oração, mostrando ao mundo que vale a pena contemplar a beleza de um Deus essencialmente, tendo diante dos olhos o Monte Carmelo, na sua mais elevada expressão, a Jerusalém celeste.

    Pela nossa fé vemos Jesus, o Filho de Deus, no Monte Tabor, manifestando aos seus amigos todo o seu esplendor. Ele revela a divindade que está dentro dele, antecipando, assim, a sua glória e a nossa glória futura. São João nos assegura: “Quando Cristo aparecer, seremos semelhantes a ele, pois o veremos como ele é” (1Jo 3,2).

    Jesus Cristo, na montanha sagrada, transfigurou-se, isto é, mudou de aparência. Os três apóstolos, Pedro, Tiago e João ficaram deslumbrados. Eles queriam que essa alegria ficasse sempre entre eles. Daí a proposta: Vamos construir três tendas, porque aqui é bom demais e a nossa vida será perpetuamente fascinante e maravilhosa (cf. Lc 9,33).

    No alto da montanha, Jesus Cristo, antes da sua paixão, com Moisés e Elias revelou o esplendor de sua face, dizendo-nos que haveremos de nos transfigurar, uma vez que nosso destino se fundamenta na sua palavra: “Nós somos cidadãos do céu. De lá aguardamos o Salvador, o Senhor, Jesus Cristo. Ele transformará o nosso corpo humilhado e o tornará semelhante ao seu corpo glorioso” (Fl 3, 20-21).

    “Uma voz do céu ressoa: Eis o meu Filho amado” (Lc 9, 35-36), que nos faz ouvir com fidelidade a sua palavra e buscar no seu corpo e sangue o alimento para nossa vida. E é precisamente pela força da palavra, do corpo e sangue de cristo, que vamos andar na sonhada esperança de sermos semelhantes a ele, quando ele se manifestar em sua glória.

    Que esta festa da transfiguração, celebrada pela Igreja no dia de agosto, nos faça compreender sempre e cada vez mais o sentido da páscoa eterna, na certeza de que a partir deste mistério inefável, isto é, que significa o que não se pode expressar verbalmente, identificando algo de origem divina e que transcendente toda nossa realidade visível e palpável, indicando a nossa páscoa, quando também, iremos experimentar a eterna transfiguração.

    Como seria maravilhoso ver os cristãos abraçarem e saborearem o silêncio e, mesmo a solidão, como condição imprescindível, no sentido de uma íntima e rica experiência da presença de Deus, a exemplo do profeta Elias.

    *Padre da Arquidiocese de Fortaleza, escritor, membro da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza, da Academia de Letras dos Municípios do Estado Ceará (ALMECE) e Vice-Presidente da Previdência Sacerdotal - Pároco de Santo Afonso
    geovanesaraiva@gmail.com




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  14. Sou o padre Geovane e queria adicionar meu blog ä página dos Blog Católicos 2. Segue link e e-mail para contato. Agradeço atencão.

    http://fgsaraiva.blogspot.com.br/
    E-mail: geovanesaraiva@gmail.com

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  15. A sabedoria: um mistério de amor

    Padre Geovane Saraiva*
    O livro dos Provérbios mostra para humanidade a sabedoria bem próxima de Deus, mesmo antes da criação, lá estava ela, agindo no mundo. Chegando mesmo a afirmar que ela é a primeira obra da criação, tomando parte em todas as coisas, criadas por Deus, como se fosse o arquiteto ou mestre de obras. Portando, Deus e a sabedoria, segundo o autor sagrado, confundem-se e estão intimamente unidos, numa profunda e perfeita comunhão (cf. Pr 8, 22-31).

    No nosso mundo de hoje, totalmente digitalizado, em que tudo se torna próximo e em tempo real, são muitas as conquistas da ciência e muitos os avanços da técnica, que nos faz lembrar a sábia expressão do Papa Paulo VI: “Os tempos de hoje parecem mais orientados para a conquista da terra do que para o Reino de Deus”. Em muitas circunstâncias, parece que Deus é preterido ou como se não existisse, numa total indiferença para muitos.

    A ciência tem sua grande importância e é necessária e até imprescindível, mas não é absoluta. Portanto, urge constantemente implorar a graça e a presença de Deus para que não sejamos orientados e, mesmo seduzidos, pelos avanços da técnica e da ciência, no sentido de priorizá-la como algo absoluto. A missão da Igreja é clara, no sentido de voltar-se para o homem nos dias de hoje, com um diálogo aberto, franco e construtivo, oferecendo ao mundo todos os meios, a partir da Palavra de Deus, grande ferramenta e sua maior riqueza.

    Deus é um mistério de amor e diálogo permanente. Em Jesus Cristo, Deus Pai, realizou o sonho da pessoa humana, dando-lhe resposta e sentido à vida, convidando-a a fazer a mesma experiência que ele realizou, numa atitude confiante de entrega, ao experimentar a intimidade divina, perceber e sentir a graça da salvação.

    Todos nós, fiéis e seguidores do Divino Mestre, precisamos mais do que nunca viver a nossa fé, de um modo tal, que o nosso coração arda de amor, através da missão recebida no batismo, com a consciência de que somos a Igreja de Deus e que nela procuramos viver a grande aventura de descobrir em profundidade o sentido da vida, como uma proposta exigente e desafiadora.

    Precisamos de muita sabedoria, que não é esperteza, vivacidade e muito menos acúmulo de conhecimento e rigor científico, mas, sobretudo, a mística que animou e continua a animar homens e mulheres de boa vontade, eles que são reflexos da luz eterna e espelho sem mancha da atividade de Deus e imagem da sua bondade (cf. Sb 7,26-29).

    Busquemos a sabedoria que é o próprio Deus, que no Filho de Deus se revela e se manifesta totalmente encarnada, caminhando conosco e querendo a nossa realização, já neste mundo. Que a nossa consciência cresça sempre mais, no sentido perceber que sabedoria é a primeira a de todas as obras da criação, orientando-nos em tudo, da menor a maior atividade, na certeza de que tudo tem sua origem em Deus e cada ato e gesto é manifestação de sua sabedoria eterna e soberana.

    Guardemos as palavras reveladoras de São João sobre a cidade Santa, a Jerusalém celeste, quando nos afirma que o próprio templo é o Senhor. É uma cidade tão iluminada e tão repleta de refletores, oriunda da glória de Deus, na sua lâmpada e no seu refletor supremo, o Cordeiro de Deus (cf. Ap 21, 22-23).

    *Padre da Arquidiocese de Fortaleza, escritor, membro da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza, da Academia de Letras dos Municípios do Estado Ceará (ALMECE) e Vice-Presidente da Previdência Sacerdotal - Pároco de Santo Afonso
    geovanesaraiva@gmail.com

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  16. Poeta do amor incomparável - Bernardo de Claraval

    Pe. Geovane Saraiva*
    O século XII exultou com a vitalidade cultural, originalidade intelectual e profunda espiritualidade de um homem extremamente marcado e seduzido pela bondade infinita de Deus, Bernardo de Claraval, que para muitos foi considerado a maior figura humana da idade média. Ele nasceu na França, numa família importante da nobreza, perto de Dijon, em 1091. Aos 19 anos de idade, passou por uma grande dor, ao perder sua piedosa e querida mãe. Mas a vida prossegue e logo se deu conta que o amor de Deus era algo precioso e sublime, fazendo uma opção, que lhe foi decisiva e fundamental em sua vida, abandonando tudo que era do mundo para ingressar na Ordem dos Cistercienses, que se iniciava e ensaiava seus primeiros passos.

    Considerado um homem de personalidade forte, disciplinado, ao mesmo tempo em que procurando viver um grau de santidade, de tal modo, que foi capaz de vencer às resistências, mesmo dentro de sua família. Tornou-se e um líder de muita influência, empolgando a todos, através de seus sermões e comentários sobre as Sagradas Escrituras, e ainda, sobre liturgia da Igreja, no mundo de seu tempo.

    Deixou marcas profundas na história da espiritualidade católica. Em diversas ocasiões, obedecendo à voz de Deus, deixou a vida contemplativa para ir ao encontro de questões que agitava o mundo em que ele estava inserido, com sua presença bem determinada, concreta e segura, nos grandes acontecimentos que a humanidade vivia, considerando e levando em conta que ele era um homem de vida contemplativa, um religioso e monge.

    São Bernardo, pela graça de Deus, tornou-se um abade inflamado de amor e zelo pela casa de Deus. O zelo pela tua casa me devora (cf. Sl 69,9; Jo 2,17). Foi exímio como pregador, místico, escritor, fundador de mosteiros, abade, conselheiro de papas, reis e bispos. Foi também político polêmico e ao mesmo tempo pacificador.

    A grande e maior obra de Bernardo de Claraval foi cantar o amor eterno de Deus, revelado e manifestado no Filho de Deus, desde Belém até o Gólgota. Ao mesmo tempo em que foi poeta do amor incomparável de Nossa Senhora, nesta belíssima oração: “Lembrai-vos, ó piedosíssima Virgem Maria, que jamais se ouviu dizer que nenhum daqueles que recorreram à vossa assistência, e reclamaram o vosso auxílio, fosse por Vós desamparado. Animado, eu, pois, com igual confiança, a Vós recorro Virgem entre todas singular, e gemendo sob o peso dos meus pecados, prostro-me aos vossos pés. Não desprezeis as minhas súplicas, ó mãe do Filho de Deus, humanado; antes, dignai-vos ouvi-las e acolhei-as benignamente. Amém”.

    O grande Poeta Dante, da Divina Comédia, o elegeu como seu guia no paraíso, colocando nos seus lábios a saudação a Virgem Maria: “Tu, ó Virgem, és tão valiosa na intercessão, de tal modo, que quem quiser alcançar uma graça, sem recorrer a Ti, é semelhante a uma ave, que tenta voar sem asas”.

    Na Igreja Católica, a partir da vida de São Bernardo, seu grande patrimônio, por tudo que ele fez e deixou, nas expressões de piedade popular, sobretudo, o culto a Virgem Maria, temos muito que louvar e agradecer a Deus. Sua vida foi um verdadeiro hino de louvor, profundamente marcado pela misericórdia infinita de Deus. Terminou seus últimos dias de vida em sua casa, no mosteiro de Claraval, rodeado de afeto e admiração dos seus monges, entregando sua alma a Deus no dia 20 de agosto de 1153. Dezenove anos depois a Igreja o elevou às honras dos altares e depois lhe deu o título de Doutor da Igreja.

    Bendito seja Deus por este homem santo, sábio e voltado para a contemplação dos mistérios divinos. “O justo medita a sabedoria e sua palavra ensina a justiça, pois traz no seu coração a lei de seu Deus” (Sl 36, 30s).


    *Padre da Arquidiocese de Fortaleza, escritor, membro da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza, da Academia de Letras dos Municípios do Estado Ceará (ALMECE) e Vice-Presidente da Previdência Sacerdotal - Pároco de Santo Afonso
    geovanesaraiva@gmail.com

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  17. A restauração da Igreja com Francisco

    Padre Geovane Saraiva*
    Estamos orgulhos e satisfeitos com o Papa Francisco, sem jamais esquecer o Papa Emérito Bento XVI, nos seus quase oito anos à frente da Sé de Pedro e, sobretudo, seu gesto que surpreendeu o mundo, revelando-nos o sopro do Espírito Santo, humildemente acolhido por todos os católicos no mundo inteiro, na sua renúncia, que durante seis séculos, foi tida como um sinal de fraqueza, mas que agora se transformou num gesto e atitude de extraordinária grandeza, na eleição do novo representante de Cristo da Terra, no nosso querido Jorge Mário Bergoglio.
    Somos tocados e sensibilizados pela graça de Deus, através do novo Vigário de Cristo, homem convicto e corajoso, que não tem medo de dialogar com o mundo contemporâneo, nas questões internas da Igreja e nos desafios, dores e angústias do planeta, onde percebemos sua maestria e disposição, como o apanágio espiritual.
    A nova fase inaugurada no dia 13 de março de 2013, com a eleição do Sucessor de Pedro, requer e clama por novos agentes e missionários, com propostas bem diretas, à luz do Evangelho, numa mensagem de alegria e esperança, no reavivamento da proposta de Francisco de Assis, onde no cântico das criaturas, Deus é louvado de modo integral, na clara afirmação da fraternidade universal.
    Aquela voz que inspirou o Santo de Assis, de ir e restaurar a Igreja, está muito clara no nosso Sumo Pontífice, nos seus generosos gestos de humildade, sem esquecer na sua palavra profética, sempre causando impacto como uma boa notícia... A capela de São Damião, a Igreja Porcíúncula e Igreja de São Pedro, restauradas pelo pobrezinho de Assis, representa a Igreja inteira e a própria humanidade que precisa mais do que nunca ser restaurada.
    Restaurar a Igreja de Nosso senhor Jesus Cristo hoje é tarefa nossa, dizendo não a busca do poder, do ter e do prazer, quando percebemos uma acentuada tendência de se retornar ao luxo e à glória do mundo, mesmo dentro da Igreja. É neste sentido que o Papa Francisco surpreende, impressiona e causa admiração, quando anuncia ao mundo a importância da simplicidade, do despojamento e da proximidade com as pessoas, também quebra protocolos e dispensa honrarias.

    *Padre da Arquidiocese de Fortaleza, escritor, membro da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza, da Academia de Letras dos Municípios do Estado Ceará (ALMECE) e Vice-Presidente da Previdência Sacerdotal - Pároco de Santo Afonso
    geovanesaraiva@gmail.com




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  18. Padre Vieira, Dom e Profecia
    “Eles (as autoridades) chegam pobres nas Índias ricas e voltam ricos das Índias pobres”.
    Pe. Antônio Vieira

    Padre Geovane Saraiva*
    Padre Vieira nasceu no dia 06 de fevereiro de 1608 em Lisboa – Portugal, numa família simples e modesta. Muito novo veio para o Brasil, com apenas seis anos de idade. Fixando residência em Salvador – Bahia, lugar em que se desenvolveu e cresceu físico e intelectualmente, ingressando nos quadros da companhia de Jesus, no rigor e no ideal de Inácio de Loyola. Na capital baiana fez o noviciado, formou-se e se tornou membro da Companhia de Jesus e, por fim foi coroado, através da Sagrada Ordenação Sacerdotal, em 1634.

    Quatro séculos e cinco anos de nascimento de um homem extraordinário, patrimônio do querido povo brasileiro, que carregou consigo uma marca indelével da beleza como um mistério divino. Ao ser amado por Deus, encontrou o sentido da vida e o amor floresceu em si e se transformou em dom para humanidade, pelo seu modo austero de viver, traduzido em obras, como ele mesmo afirmava: “Para falar ao vento bastam palavras, mas para falar ao coração, é preciso obras”.
    Agradecemos o dom precioso da vida de Padre Antônio Vieira, como um místico de grande originalidade, literato, pensador e orador, de grande raridade. Mais de quatro séculos de sua existência, para que, contemplemos a grandeza da bondade e da misericórdia divina, neste homem que soube buscar a mais alta razão, contribuindo para que a criatura humana se tornasse cada vez mais aberta e voltada à beleza, que transcende e eleva-nos. “Oh, beleza sempre antiga e sempre nova, quão tardiamente te amei!” (Santo Agostinho).
    Olhamos para uma personalidade talentosa, maior riqueza intelectual do século XVII. Grandiosa foi sua alma e maior ainda seu coração, com conhecimentos e coragem como ninguém, não ficando indiferente, sempre que a circunstância lhe exigisse um posicionamento profético, sincero e concreto, em favor dos mais desafortunados da vida, especialmente, indígenas e negros.
    Como religioso e sacerdote, escritor e orador, deixou-nos uma obra imorredoura. É só olhar os inúmeros sermões, dentre os quais os mais célebres: O sermão do quinto domingo da quaresma, o sermão da sexagésima, o sermão do bom ladrão, o sermão de Santo Antônio aos peixes, entre outros.
    Verdadeiramente o amor de Deus o marcou profundamente e se fez dom para a humanidade, em especial, ao povo brasileiro. Uma lenda assegura-lhe sua extraordinária genialidade, que lhe foi concedida ainda na juventude, por Nossa Senhora, com a colaboração de um anjo, que lhe indicou o caminho de volta para casa, ao se encontrar perdido, no retorno da escola.
    Após uma vida longa, extremamente marcada pela graça de Deus, aos 89 anos de idade, partiu para o seio do Pai, no dia 17 de junho de 1697, na boa terra, como se costuma chamar a capital do Estado da Bahia. Deus seja louvado por este homem de esplêndidas e excelsas virtudes, um referencial, em todos os campos da vida humana. Aprendamos de Padre Antônio Vieira, irmão muito amado por Deus, no seu rigor intelectual e no seu amor à verdade, como critério de vida, neste pensamento: “E se um não é duro para quem ouve, creio que não é menor a sua dureza para quem o diz”.

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  19. Progresso: aquário, ponte estaiada, obras da copa...

    Padre Geovane Saraiva*
    O progresso que se acentua, fortemente presente entre nós, nos estrondosos volumes de recursos, na construção do aquário na nossa cidade, das obras da copa do mundo, dos bilhões que serão gastos com a construção da ponte estaiada, sobre o Rio Cocó, contrariando todo um rigoroso estudo dos nossos sábios e prestimosos ambientalistas, comprometendo aquilo que temos de melhor, o pulmão verde e todo o ecossistema. Aqui é extremamente válida e sábia a assertiva de Albert Einstein: "A palavra 'Progresso' não terá qualquer sentido enquanto houver crianças infelizes"...
    Dom Aloísio, na sua Carta Pastoral sobre o uso e a posse do solo urbano, de 31.05.1989, afirmou com maestria: “A cidade deve ser para o homem e não o homem para a cidade. Deve ser um espaço de convivência solidária para todos os que nela moram, convivência que seja resultante da convergência de esforços para tornar a cidade mais humana e também cristã” – uma cidade verdadeiramente cristã e fraterna, revelando um rosto pascal.

    Padre da Arquidiocese de Fortaleza, escritor, membro da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza, da Academia de Letras dos Municípios do Estado Ceará (ALMECE) e Vice-Presidente da Previdência Sacerdotal - Pároco de Santo Afonso
    geovanesaraiva@gmail.com

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  20. Progresso longe da solidariedade

    Padre Geovane saraiva*
    Uma realidade incômoda, diante do contraste e do antagonismo em que se passa atualmente a nossa sociedade e de um modo bem concreto, a cidade de Fortaleza e o Estado do Ceará, deixando transparecer que o projeto dos homens anda léguas e léguas, distante do projeto do nosso Deus e Pai, anunciado por Jesus de Nazaré, projeto de justiça, amor, solidariedade e paz, no serviço aos irmãos, quando nos afirma no seu Evangelho: “se alguém quiser ser o primeiro, que seja o último de todos e o servo de todos” (Mc 9,35).

    Neste sentido, como transformar a realidade dos sofredores? Precisamos do Espírito da verdade para que possamos ser conduzidos, segundo o referido projeto do Pai, a plena verdade. Jesus na sua entrega e obediência à vontade D'aquele que o enviou, até a morte e morte na cruz, deixa claro para nós que abraçamos a fé, no desejo de perseguir seu seguimento, tendo na mente e no coração o consequente mandamento do amor.

    Como é preciosa e plausível uma reflexão sobre Fortaleza, bela cidade, mas com inúmeras coroas de espinhos, seja pelos moradores de rua (adultos e crianças) nas nossas praças e ruas , seja pelas favelas, desemprego, dependência química, como consequência, o alto índice de criminalidade. Aqui é extremamente válida e sábia a assertiva de Albert Einstein: "A palavra 'Progresso' não terá qualquer sentido enquanto houver crianças infelizes (...)”.

    Veja querido leitor o que nos disse o Papa Francisco na Vigília de Pentecostes, de 18/04/2013: “Tocar no corpo do pobre é tocar no corpo de Cristo. O Pontífice contou a história de um rabino do século XII que narra a construção de torres, onde os tijolos eram mais importantes do que os construtores. Quando um tijolo se quebrava, era um drama e o operário era punido. Mas se um operário se machucava, isso não tinha nenhum problema. Isso acontece hoje: se os investimentos nos bancos caem, é uma tragédia. Mas se as pessoas morrem de fome, não têm o que comer ou não têm saúde, não é um problema! Esta é a nossa crise de hoje! E o testemunho de uma Igreja pobre para os pobres vai contra esta mentalidade”.


    *Padre da Arquidiocese de Fortaleza, escritor, membro da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza, da Academia de Letras dos Municípios do Estado Ceará (ALMECE) e Vice-Presidente da Previdência Sacerdotal - Pároco de Santo Afonso - geovanesaraiva@gmail.com

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  21. O cuidado pelo meio ambiente
    Padre Geovane Saraiva*
    Na Semana do Meio Ambiente é importante recordar a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que ficou conhecida também como Rio+20, realizada entre os dias 13 e 22 de junho de 2012, na cidade Rio de Janeiro, considerado o maior evento já realizado, cujo objetivo foi discutir a renovação do compromisso político com o desenvolvimento sustentável.
    Vivemos em uma terra, com tudo que ela contém, ainda marcada pelo sofrimento, gemendo com as dores do parto (cf. Rm 8, 22), pela destruição e saque, fruto do capricho, da ação fútil e inconsequente do homem. Daí o desafio de não só pensar e refletir sobre essa triste realidade, mas decididamente em nome de Deus, a descruzar os braços e fazer a nossa parte.
    O Papa Francisco na missa inaugural de seu pontificado, aos 19 de março de 2013, disse que o verdadeiro poder de um Papa é o "serviço humilde, concreto e rico de fé" e que "não devemos temer a bondade e a ternura". Também falou sobre a necessidade de "respeitar o meio ambiente em que vivemos e todas as criaturas de Deus. Isso significa proteger as pessoas, e demonstrar que nos importamos com cada um de nós, especialmente as crianças, os velhos, os necessitados, que muitas vezes são os últimos em quem pensamos".
    Hoje, mais do que nunca, temos que reconhecer a forte presença de Deus, na vida existente no planeta, vida muitas vezes não valorizada e mal cuidada, extremamente comprometida. Deus quer abrir a nossa mente e coração diante dos gritos, dores e gemidos da terra, grande casa e mãe, onde se encontram: “rios e mares, antes gigantescos úteros de vida, que vêm sendo esterilizados pela poluição industrial, esgotos, sujeira produzida pelo ser humano. Esquece-se que a água, fonte de vida, transforma-se facilmente em uma das piores fontes de morte, ao transmitir doença. Por ela navegam germes de morte até os confins da terra” (Pe. J. B. Libânio).
    Temos o orgulho de possuir, no nosso querido Brasil, a maior floresta tropical e a maior biodiversidade do mundo. Entretanto, toda essa riqueza está ameaçada pela destruição da floresta e de outros ecossistemas, por grandes projetos, pela expansão de monoculturas da soja e da cana de açúcar e pelo crescimento da agroindústria ou agronegócio, de um modo pedratório.
    O mundo deveria ser uma casa pródiga, a oferecer a criatura humana, e aos demais seres vivos da terra, todas as condições: crescimento, sobrevivência e plena realização. Um mundo harmonioso, em que todos vivessem de acordo com a vontade do seu Criador e Pai. Para nós que temos fé, a Sagrada Escritura, nos leva a louvar a grandeza e a bondade de Deus, Senhor de um mundo tão rico, vasto e belo. Os livros dos Provérbios e da Sabedoria exaltam grandeza do próprio Deus, presente e oculto nas maravilhas da natureza (cf. Pr 8, 22-31; Sb 13, 1-3). Mas a exploração desenfreada e gananciosa que o homem realiza, nas suas ações, no que diz respeito às madeireiras, mineradoras, fazendas e grandes empresas transnacionais, é de fato para destruir todo esse patrimônio, que é de toda a humanidade, que é desafiada a proteger e conservar.
    Sabemos e temos consciência de que a obra de Deus é uma “casa” maravilhosa, cheia de beleza e providência, prodígio divino, que devemos contemplar e louvar. “E Deus viu que tudo que tinha feito era muito bom” (Gn 1,10). Face à gravidade de toda realidade ecológica, na sua crescente devastação, nasce uma indignação ética, tendo sua origem na luta contra a poluição do ar e da água. Urge pensar na criação, com uma nova mentalidade espiritual, que se segure e tenha seu fundamento no Evangelho e na pessoa de Jesus Cristo.

    *pároco de Santo Afonso

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  22. A insatisfação vivida pelo povo brasileiro

    Padre Geovane Saraiva*

    João Batista nos ajuda a perceber a insatisfação vivida pelo povo brasileiro diante do dinheiro público utilizado em obras faraônicas, de pouca utilidade, que satisfaz sim a vontade das empreiteiras e dos políticos, mas está a léguas e léguas distante das reais necessidades da população.

    Por isso mesmo, a juventude não concorda com os elevados gastos nos estádios da Copa, num país que geme as dores do parto, sentidas no transporte público, bem como o desvio dos recursos nas grandes obras, nas estradas sem conservação, no mísero salário dos professores públicos, sem falar na realidade precária da saúde e no avanço do agronegócio (cf. Rm 8, 22).

    Olhemos para a pequenez de João Batista, diante da pergunta que irá alegar e surpreender o mundo, quando diz: "Que virá ser este menino?" Claro que ele será um menino com a missão de anunciar a esperança, através de tempos novos e messiânicos, porque a mão do Senhor estar com ele. Ao mesmo tempo em que crescerá e se fortalecerá em espírito, no sentido de preparar os caminhos do Senhor, vivendo em lugares desertos até o dia em que se apresentou publicamente a Israel (cf. Lc 1, 66. 80).

    *Padre da Arquidiocese de Fortaleza, escritor, membro da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza, da Academia de Letras dos Municípios do Estado Ceará (ALMECE) e Vice-Presidente da Previdência Sacerdotal - Pároco de Santo Afonso - geovanesaraiva@gmail.com


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  23. O Papa Francisco e a Jornada Mundial da Juventude

    Padre Geovane Saraiva*
    Iniciativa religiosa, idealizada pelo Papa João Paulo II em 1984, que consiste no encontro de milhões de católicas jovens, sobretudo, celebrado a cada dois ou três anos, numa cidade escolhida pessoalmente pelo Papa, na qual os jovens do mundo inteiro são convidados a reavivar o dom da fé com Cristo Ressuscitado, senhor da vida e da história. É importante dizer que cada ano, por ocasião do domingo de ramos, recorda-se a Jornada Mundial da Juventude em todas as dioceses no planeta.
    Planejam-se em cada Jornada Mundial da Juventude, eventos de natureza catequético e cultural, missas e adorações, momentos fortes de orações, palestras, partilhas e shows. Tudo isso em diversas línguas. Em sua última edição, em Madrid em 2011, reuniu cerca de três milhões de jovens. Apesar de ser proposta pela Igreja Católica, é um convite a todos os jovens do mundo. Não podemos jamais esquecer a expressão do Papa João Paulo II: “A esperança de um mundo melhor está numa juventude sadia, com valores, responsável e, acima de tudo, voltada para Deus e para o próximo”.
    É imprescindível olhar para a Jornada Mundial da Juventude, com seu lema: “Ide e fazei discípulos entre todas as nações” (MT 28, 19), no contexto de esperança, no ano da fé, agora no mês de julho, de 23 a 28, no Rio de Janeiro, para percebermos a força maravilhosa e incomensurável dos nossos jovens, bem motivados, na busca do ideal de vida, a partir do Jesus Cristo, que na sua divindade supera aquilo que é proposto pelo mundo, no desejo de se edificar um mundo fraterno, solidário e justo.
    É a cidade maravilhosa, cheia de encantos mil, com a imagem de braços abertos do Cristo Redentor, a dominar toda cidade, querendo acolher a juventude e todas as pessoas de boa vontade do mundo inteiro. É claro que temos como figura principal o Santo Papa, que através de sua palavra de amigo, pai e pastor, irá ainda mais nos encantar. É o próprio Cristo, de braços abertos, na assertiva de Francisco, quando diz que “Deus Jamais se esquece dos pobres e não se cansa de perdoar”.
    O Papa Francisco, nosso querido irmão, estará entre nós e falta pouco tempo. O Brasil todo o quer acolher como o amigo e o visitante mais ilustre! Eis o momento privilegiado de escuta e de conversão, momento de celebrar com alegria a beleza de ser seguidor do Mestre e Senhor, unidos num só coração às pessoas que para cá virão. Penso que deste modo o fermento fará crescer a massa e a generosidade ganhará um enorme espaço diante do sonho maior, num encontro pessoal, comunitário e planetário com o Cristo e Senhor!
    Que a Jornada de 2013 possa significar, não só um avanço da fé e da esperança, mas que surjam sinais de progresso humano, Social, econômico e cultural, tendo como legado maior a convivência harmoniosa, na paz tão sonhada pelo nosso Deus e Pai, capaz de superar os antagonismos e diferenças.

    *Padre da Arquidiocese de Fortaleza, escritor, membro da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza, da Academia de Letras dos Municípios do Estado Ceará (ALMECE) e Vice-Presidente da Previdência Sacerdotal - Pároco de Santo Afonso
    geovanesaraiva@gmail.com

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  24. Quero agradecer pelo espaço.peço aos irmãos para lerem as mensagens de nossa senhora de la Salete e site www.jesusfala.org

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  25. Bom dia. Me inclua na lista por favor. www.euprefirooparaiso.com

    Eu Prefiro o Paraiso"

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